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Foto do escritorAninha

Nossa aventura debaixo da amendoeira: a FESTA DO DIVINO em imagens e memórias.

Atualizado: 13 de out. de 2020

Eu adoro o mês de junho! Porque junho é mês de festa!!

Tem festa junina na minha escola, na pracinha perto da minha casa e em um montão de outros lugares. Eu fico tão animada, mas tão animada, que às vezes acordo cantando e dançando só de me lembrar disso.


Também acontece uma evento especial na minha cidade: o ciclo de festas do Divino! No ano passado os meus pais me levaram para conhecer, e é tão colorido, alegre e gostoso que me deu vontade de contar para vocês. Então, minha mãe teve uma ideia genial:

- Aninha, que tal a gente lembrar este dia olhando as fotos que tiramos?

Minha mãe é fantástica! Na mesma hora corri para buscar o álbum e, debaixo da amendoeira do nosso quintal, sentamos para ver as fotos. E foi assim que partimos para mais uma aventura, desta vez lá de casa mesmo e com a ajuda das nossas memórias.


Então, ela me lembrou da história:

- A festa do Divino, ou ciclo de festas do Divino Espírito Santo, é um evento muito antigo que foi criado por uma Rainha chamada Isabel, lá de Portugal. Ela queria muito que a sua família vivesse em paz e, fazendo uma oração para o Espírito Santo, prometeu que se o seu pedido fosse atendido, faria uma cerimônia na sua vila para agradecer. E foi assim que aconteceu. Todos os anos a rainha escolhia uma pessoa pobre da vila para coroar e, ao entregar uma coroa e um cetro, ela se tornava rei ou rainha por um dia. No dia da coroação também eram distribuídos pães, carnes e vinho para todos e, assim, a alegria do momento mantinha o reino em paz. Com o passar do tempo esta tradição permaneceu e até hoje é celebrada em nossa cidade.

- Mas mãe, hoje em dia é um pouco diferente né? - perguntei, olhando para as fotos.

- É verdade Aninha. A primeira festa aconteceu aqui na ilha em 1776, e já se passaram muitos séculos desde que a Rainha Isabel fez aquela promessa. De lá para cá ela foi transformada e ganhou ainda mais alegria, beleza e detalhes, além de durar por mais tempo. Hoje, a festa começa em maio e termina só em setembro. Além disso, muitas outras coisas surgiram como as procissões, as novenas nas casas, os cultos ou missas nas igrejas, as barraquinhas com comidas típicas e muito mais. A festa do Divino, Aninha, é uma herança que foi passada de uma geração para outra, e que faz parte das tradições da cultura popular de Santa Catarina.


Eram tantas palavras diferentes... fiquei ali ouvindo, enquanto olhava para as fotos. Foi quando algo me chamou a atenção:

- Olha mamãe, as bandeirinhas!! Eu me lembro que a rua da Capela no Campeche estava tão linda, toda enfeitada com fitas coloridas. E tinham tantas bandeiras vermelhas com pombas brancas, por quê?



Com calma, minha mãe me explicou tudinho:

- Quantos detalhes não é mesmo filha? A festa do Divino tem muitos símbolos. Símbolos são imagens ou figuras que representam alguma coisa. Por exemplo: a pomba branca representa a paz, que é um dos motivos desta festa acontecer, lembra da historia da rainha? E cada fitinha colorida que está na ponta da bandeira vermelha representa um dom ou uma graça, ou seja, algo muito especial que você recebeu de presente de Deus.

Eu fiquei pensando sobre aquilo por alguns minutos. E, com um sorriso, respondi para mim mãe:

- Como ter você e o papai mãe? Ahhh! E saber fazer desenhos?


Sorrindo, minha mãe confirmou. E, depois, continuou explicando, enquanto apontava para uma foto:

- As fitinhas ficam presas na ponta da bandeira e simbolizam virtudes como a fortaleza (coragem para vencer dificuldades), sabedoria, ciência (inteligência), piedade (ternura e amor pelo próximo) e temor a Deus (respeito aos seus ensinamentos). Então, as pessoas podem retirar as fitinhas e levá-la para casa para se lembrarem disso.


Depois, outra foto me chamou a atenção: havia mulheres de vestidos vermelhos carregando paus com bandeiras da mesma cor. E então minha mãe me disse que a cor vermelha é uma tradição de Portugal e que os portugueses acreditam que ela protege as pessoas das coisas ruis e que pode curar doenças. E, depois, aproveitou para me ensinar mais uma palavra difícil:

- Aqui nesta foto podemos ver a procissão Aninha, que significa o momento em que os participantes se juntam para caminhar pelas ruas da comunidade segurando as bandeiras e anunciando o inicio da festa do Divino. Acompanhadas por uma banda de viola, violão, rabeca e tambor, eles cantam versos em coro enquanto desfilam. Como você pode ver na imagem, o mastro com a bandeira do Divino fica bem na frente e é carregado por mulheres vestidas com roupas especiais e que sentem muita alegria em poder fazer isso.

Eu me lembrei que naquele dia nós vimos muitas crianças participando da festa. Elas desfilavam usando fantasias vermelhas e azuis, e estavam sorrindo e cantando. Eu fiquei com muita vontade de participar também!

Depois, encontramos fotos de igrejas enfeitadas e cheias de pessoas. Minha mãe contou que antigamente as igrejas eram abertas durante a celebração da festa do Divino para que as pessoas fizessem as suas orações ao Divino Espírito Santo durante as missas, e que isto acontece até hoje. E, mostrando uma foto, me disse:



- Aninha, veja esta foto! A celebração da coroação ainda é feita por aqui:

Uau! Parecia um trono de rei e de rainha de verdade, como nas historias dos meus livros! Fiquei imaginando por alguns instantes e perguntei:

- Mamãe, ano que vem podemos participar da festa novamente? Quero muito poder ver este momento da coroação!

E com um abraço apertado minha mãe respondeu que sim.


Vi imagens tão lindas e aprendi tantas coisas que, num salto, levantei correndo para buscar minha caixa de lápis de cor. Eram o lugar e o momento perfeitos para mais um desenho. E, empolgada, convidei a minha mãe:

- Mamãe, vamos desenhar?


E assim terminamos a aventura no nosso quintal: cheias de memórias, de histórias e de desenhos para guardar para sempre!


E você, já conhece a festa do Divino?

Se sim, ficaria muito feliz de saber o que você mais gostou nela. Caso ainda não conheça, que tal convidar a sua família para participar?


Este desenho faz parte de uma série de outros, criados para você colorir e aprender a respeito de lugares incríveis na Ilha da Magia. Quer saber mais? Acesse o link:



O ciclo de Festas do Divino, conhecido como folias ou cantorias do Divino, é uma tradição cristã católica que acontece para celebrar a devoção ao Espírito Santo. Com mais de oito séculos de existência foi introduzida na cultura local de Santa Catarina, principalmente na ilha de Florianópolis e municípios litorâneos, pelos imigrantes açorianos vindos de Portugal. Atualmente, representam a mais expressiva manifestação cultura popular catarinense, recebendo o titulo de Patrimônio imaterial Catarinense em 2018. As festividades iniciam em maio e se estendem até o mês de setembro, passando por diversos bairros do Norte ao Sul da ilha e, também, em outras localidades. Um período festivo cheio de símbolos, cores, movimento, alegria e devoção, que aviva a fé e as tradições cristãs da região.



Até a próxima aventura pelo nosso rico e fantástico Brasil!




P.S.: Os registros fotográficos fazem parte de um arquivo pessoal, e representam momentos da festa, que aconteceram no bairro do Campeche (na ilha de Florianópolis) e na cidade de São José, em Santa Catarina.

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